Pode parecer que eu falo de fim, mas não...
O meu fim é falar de algo que começa, que não acaba.
Somos o que fazemos, aquilo que nos predispomos a fazer para que nossa existência não seja nula, inútil.
Não falo no sentido de futilidade.
O sentido é: que adiantaria fazermos coisas formidáveis só para si mesmo?
Me diz... você regaria uma flor que só você pudesse sentir o aroma? Plantaria uma árvore que só você pudesse usufruir do árduo trabalho dela de limpar o ar que você respira? Ou mesmo pintar um quadro que só você pudesse ver?
Não... não ia.
Também não estou falando de "voluntariado" pura e simplesmente.
É uma coisa conjunta, contínua, você faz para os outros também, mas você é participante, é um andar junto, produzindo junto.
Se fazemos samba, é pra que a gente sambe, como sugere a música.
Formular ideias, realizar ações positivas, ajudar, compartilhar, cooperar, tudo isso deve ser conjugado. Essa é a essência.
Fazer com que após uma conversa uma outra pessoa pense no que você falou, reflita e diga: " é.. isso faz sentido, por que não pôr em prática?", falar: " essa conversa não me fez gastar tempo, me fez ganhar tempo!", " ih... não é que eu posso usar isso na minha vida??".
Sem notar, (a princípio, pois, como o tempo você acaba notando, óbvio) você vai propagando uma chama... plantando uma semente. Fazendo com que seus esforços não sejam em vão, que suas ações encontrem moradia no peito de outras pessoas, contagiando outras e outras.
Contagiar! Você agir para que o que você quer de bom, as ideias, as vibrações, o que você quer mudar de errado, o que quer manter( e por que não aumentar, ou melhorar ainda mais?) de bom.
Contagiar para que quando você estiver sem forças, quando estiver na parte de baixo da roda gigante ou desmotivado, sempre tenha alguém para contagiar você. Que as pessoas sintam que sua existência não foi em vão, e que através de você, muitas coisas aconteceram, você foi importante para uma pessoa, para muitas delas. Para que no dia que você não existir como corpo vivo, sua alma esteja viva naquilo tudo que você deixou.
Quando não puder desfilar na avenida da vida, poderei sentir que a samba não atravessará, pois parte do coro, fará parte de mim, terá gente mostrando no pé, o que passei tentando passar; e em algum lugar estarei dando minhas batidas no repique, que só foi possível porque muitos outros assim tomaram essa batida.
Ao contrário do que o título sugere, prefiro não falar no passado, acho que falar no presente é mais compatível.
Só para reforçar, eu não sou nem quero ser " a única voz da razão", mais do que ensinar algo, estou aqui para aprender.
Para receber e passar as jóias, e não só bijuterias... entregar para quem merece usá-las e tentar ser merecedor delas também.
Meu pedido final, para mais novo e mais experiente sambista, letrista, turista, artista...
... para " a gente" é:
Não deixe o samba morrer...
...deixe a morte sambar!